sábado, 15 de outubro de 2016

Pareto foi Engenheiro Civil, não Analista de Sistemas

E ele nunca entregou um ferrovia com apenas 80% da construção concluída. #ficaDica
Vilfredo Pareto
Ele também foi sociólogo, filósofo, cientista político e economista. Por onde passou, deixou um legado de conceitos e princípios que são usados (e abusados) até hoje!
His legacy as an economist was profound. Partly because of him, the field evolved from a branch of moral philosophy as practised by Adam Smith into a data intensive field of scientific research and mathematical equations.
Entre suas contribuições (e foram muitas), destaco:

Distribuição de Pareto

  • É uma distribuição de probabilidade de Lei de Potência que atualmente é usada para descrever fenômenos sociais, científicos, geofísicos, atuariais e outros.
  • Se você não entendeu p* nenhuma, não se sinta só. Eu também não entendi muita coisa.
  • Foi usada por Pareto para seus estudos econômicos sobre distribuição de riqueza.

Ótimo de Pareto

  • O Ótimo de Pareto é um estado de alocação de recursos onde é impossível melhorar as condições de um indivíduo sem piorar as condições de outro(s).
  • Uma "Melhoria de Pareto" (Pareto Improvement) é quando um indivíduo tem seu estado melhorado sem o detrimento do estado de outro(s) indivíduo(s).
  • Não é uma classificação moral ou ética - é simplesmente o reconhecimento de um fato, a partir do qual outras decisões podem ser tomadas!

E o famoso Princípio de Pareto

  • Também conhecida como a regra do 80-20, distribuição A-B-C, lei dos poucos vitais ou  principio de escassez do fator.
  • A que darei destaque abaixo.
Logo de cara, um leitor atento notará que dos links acima, apenas um está em português, justamente o Princípio de Pareto - e isso já dá o tom do que virá pela frente. Todos os demais artigos não foram traduzidos, ou estão apenas germinados, resumidos e sem fontes confiáveis (de acordo com a Wikipedia) em nossa língua.

Não fiquei surpreso pela falta de interesse do lusófono em se informar sobre estes assuntos... Estudar a Distribuição da Riqueza, ou buscar evitar situações de soma zero não costuma fazer parte de nossas preocupações - mas isso em si já é assunto para outro post (possivelmente em outro blog!).

Hoje, eu falo sobre o Princípio de Pareto, e dos efeitos terríveis que a aplicação burra e cega da sua máxima vem causando na economia e no futuro da Tecnologia da Informação - ou... Como burros motivados, lendo apenas *uma linha* da teoria, a saem aplicando ad nauseam sobre qualquer pretexto, desde que para livrar seus ignóbeis rabos de merecido destino.

Pausa Dramática para troca de Cenário

Após uns 8 meses de trabalho (e retrabalho) insano, ficou óbvio que o Novo Sistema™ não ficaria pronto dentro do prazo acordado com o então Futuro Cliente. Pior, os esforços de desenvolvimento estavam prejudicando a manutenção do Sistema Legado™ - que apesar de todos os problemas (que não eram poucos), era o que convencia os então Presente Clientes a pagarem nossos salários no fim do mês.

Reuniões, Planos de Contingência, e então o golpe fatal: o cara usou Pareto.

Para entender o tamanho do sacrilégio - e o motivo pelo qual o cadáver de Signore Vilfredo provavelmente deu mais voltas dentro em seu caixão que a Lua em volta da Terra, permita-me a Platéia uma breve explicação.

O Princípio de Pareto afirma que, para muitos eventos, cerca de 80% dos efeitos vêm de 20% das causas, observação feita enquanto na Universidade de Lausanne em 1896, conforme publicado em seu primeiro papel, "Cours d'économie politique". Essencialmente, Pareto mostrou que aproximadamente 80% das terras em Itália era de propriedade de 20% da população: Pareto desenvolveu o princípio pela observação de que cerca de 20% das vargens no seu jardim continha 80% das ervilhas.

Posteriormente, e por vários autores, estendeu-se o Princípio observando-se que 80% das vendas de um negócio costuma vir de 20% dos clientes; que 80% dos problemas de um empreendimento de engenharia advém de 20% de causas comuns; que 80% dos problemas de um software estão relacionados à 20% dos requisitos; e por aí vai.

As duas últimas afirmações levam à um interessante corolário: a de que detectar e sanar os tais 20% de causas eliminam 80% dos problemas que infernizam o projeto, mitigando seus riscos!

Um vez esclarecido o assunto, voltemos ao nosso roteiro original: o cara usou Pareto.

Através de um intenso processo de racionalização descolada da realidade (nenhum sistema lógico é válido, por mais sonora que seja a corretude dos processos, se seus axiomas são falsos!), concluiu-se que deveríamos tratar 80% dos problemas que estivessem afetando os 20% maiores clientes e então estaríamos protegidos pelo Cânone Metafísico de Pareto - a variante sobrenatural do Princípio que afirma que recorrer ao Signore Vilfredo em nossas preces, digo, estratégias garante-nos sucesso divino.
Como se os 20% maiores clientes da empresa estivessem pagando apenas 80% da tarifa - ou se não precisássemos dos demais 80% dos clientes para ter lucro no fim do mês.
E foi assim, prezados, que o então Futuro Cliente se tornou Presente Cliente de outrem, bem como boa parte daqueles nossos 80%. Não tenho a menor dúvida que fizemos felizes 100% de nossos concorrentes.

Quem paga 100% da tarifa quer 100% do serviço/produto/whateverPONTO. Entregar 80% do acordado não é uma estratégia sustentável de captação e fidelização de clientes.

E, por fim, você não quer que aqueles tais 20% se tornem 100% da sua clientela. Confiem neste que vos narra, eles são a causa de 80% dos seus problemas. :-)

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Vaidade, vaidade - Tudo é vaidade...

O que há com esta geração com menos de 30, 35 anos? Possuem uma autoestima tão exacerbada (ou uma baixa autoestima tão patológica que precisam provar à todos o tempo todo o quanto se amam) que são incapazes de reconhecer que existe coisas mais importantes que eles próprios?

Então um mantenedor de um projeto interesse cai no lado negro dos mantenedores de um outro projeto do qual o cara era fã - ele construiu algo tão bacana quanto, e os carinhas ficaram de mau e não o chamaram mais para as festinhas.

Ok. Sacanagem. Alijaram ele de uma Comunidade, e propaganda é a alma do negócio.

Mas daí o cara vai lá e derruba o projeto dele, porque ele não se sente bem fazendo algo que promova o projeto dos carinhas que machucaram seu coraçãozinho...

Crianças, aprendam com o titio Lisias: amor, amizade e acolhimento se procura de quem lhe ama, lhe tem apreço e gosta de você.
Com o resto, você convive e colabora em troca de um benefício mútuo - e se você gosta dos caras ou eles de você é, francamente, irrelevante. Ótimo se rolar, mas irrelevante assim mesmo.

Quando você derruba um projeto grande porque não quer mais jogar confete nos seus desafetos, você não está cuspindo nos seus desafetos, mas nos seus usuários. São eles que ficaram sem o projeto, são eles que confiaram em você e por isso ficaram na mão.

Se você mija em todo mundo porque uns poucos mijaram em você - isso não te faz alguém algumas ordens de magnetude pior que eles? 

(c)2005 a 2016 por Lisias Toledo.
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